quarta-feira, 27 de julho de 2011

Carissímos amigos estão todos convidados a aparecer na encosta do Castelo de Palmela, na Sexta-feira, dia 29 de Julho de 2011, para assitir ao PINO DO VERÂO, pelo Teatro O Bando, onde eu também vou participar.....
Aqui fica a sugestão para o inicio de fim-de-semana.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como surgiu o espectáculo Brilharetes, levado à cena pelos Artistas Unidos, LAMA (Laboratório de Artes e Média do Algarve) e Molloy Associação Cultural.

Já nos finais dos anos 80, Antonio Tarantino ( que esteve em Almada em 2004, aquando da leitura cénica da sua peça A CASA DE RAMALLAH), largou a pintura (era um dos nomes conhecidos da Arte Povera Turinense) e começou a escrever teatro. Tinha para lá de 50 anos. Quando os Artistas Unidos o descobriram, graças às publicações dirigidas por esse grande crítico e nosso amigo que foi o Franco Quadri, quisémos logo fazer aquele teatro cheio de palavras, de imbatível ritmo. E fizemos os primeiros dois dos seus QUATRO ACTOS PROFANOS ( "Stabat Mater" e "Paixão Segundo João"). Como é nosso costume, publicámos os textos. E quando ficámos mesmo sem casa nenhuma (quando nos fecharam a Cadeia das Mónicas onde estreámos essas duas peças), continuámos a publicar textos. Que gostávamos de fazer sabia-se lá quando. Entretanto, o ano passado, durante o Festival de Almada, o João de Brito, que fazia um pequeno papel em A Fala da Criada dos Noailles que apresentámos na Culturgest, em conversa cá fora (eu fumo, passo a vida a vir cá fora), falou-me de "Brilharetes" que lera nos livrinhos de teatro e chegara a trabalhar na Escola. Ele só queria saber como obter os direitos; mas eu impus-me, com medo que ele fizesse este texto sem mim. "E quem seria o outro? E queres que os AU produzam? E... quando?" Nada garante que a conversa do João comigo não tenha sido uma conversa daquelas que os jovens actores têm com os encenadores tabagistas, os seus sonhos, fazer o Hamlet e o Taxi Driver, sei lá. Mas eu não podia deixar perder aquela hipótese. O João falou-me da hipótese de o Tiago Nogueira (que também entrava na mesma Fala da Criada) fazer o Brilharetes, propriamente dito. Aceitei, eles aceitaram-me, mandei uma carta ao Antonio Tarantino (gostamos muito um do outro, ele é sempre muito afectuoso com isso). E o João e o Tiago, a quem se juntou a actriz Joana Barros (que também entrava naquele espectáculo), começaram a desbravar o texto. Foi em Dezembro: eles ensaiavam, eu assistia (e podia ser mau!) duas a três vezes por semana, com a Joana combinava o que faziam sem mim. Num teatro como o de Tarantino, que quase só existe pela oralidade e pela extraordinária capacidade de invectiva, era importante um grande trabalho sobre a elocução, a pausa, a respiração, o andamento de cada frase. Acho que os surpreendi: recém-vindos de uma Escola Superior, nunca tinham sentido a necessidade de cuidar da elocução, da beleza do "r" apico-alveolar (tão mais expressivo do que o gutural) nem viam como dizer é quase tudo o que é possivel num texto literário como este, sem acção que não seja a das palavras, o tempo parado, a imparável lamentação ou a imprecação contra os poderosos. "Mas onde fazer?" "Não tenho teatro", disse. E começámos a olhar para datas. Eu estava mais ou menos livre no primeiro trimestre, ele, a "recibo verde". Assim começámos a ensaiar. E ensaiámos em Lisboa, e depois em Faro, Loulé, Sintra, Setúbal, Tavira, Alcobaça, Montemor. E estreámos no Cartaxo. A estreia foi bonita. E, como não temos teatro, esperámos por apresentar este espectáculo ao ar livre dos mais pobres, nos Silos da Romeira que o TMA nos indicou. Foram eles, o Tiago e o João quem, com o Rodrigo, descobriram este lugar abandonado, no fim do mundo. E nas fotografias que trouxeram, vinham alguns dos pobres alcoolicos que viviam neste mesmo Telheiro. Dois dias depois, na obscenidade das televisões, lá estavam eles. Eram romenos, chegaram a Portugal sem papéis, eram uns 40, houve uma daquelas coisas de caridade para alugar um autocarro e eles voltarem para a Pátria deles - de onde tinham fugido, à espera do sol e de dinheiro para viver. Durante dois dias, as televisões acompanharam, com o sentimentalismo de quem nos engana, o regresso desses romenos. Só os vimos até chegarem a França, num autocarro, noite dentro. Nunca mais soubémos deles. Mas é dedicado a eles, tantos, que fazemos aqui este espectáculo, aqui que trazemos os vagabundos, os vadios, os que-não-se-calam mas nada-dizem, esses restos de homem que Tarantino canta contra todas as noites e todos os esquecimentos, esses que a televisão visita de vez em quando, para, no nosso conforto burguês e pequenino, ficarmos cheios de medo: e votarmos, desistindo da vida. Pois, Tarantino não se esqueceu deste professor marxista que encontrou uma noite - a história é autêntica - , militante que chegara a cruzar nas festas de Turim, agora, vestido de mulher, agora a morrer, travesti, nos degraus da estação de comboios de Turim, não se esqueceu. E a literatura teve piedade, ainda agora olhamo-lo nos olhos, há noites em que ele nos faz chorar. E quem sabe, quem sabe, talvez estes rapazes e esta rapariga (a Joana Barros, o João de Brito e o Tiago), meus amigos, venham a cruzar-se com o velho escritor turinense, homem maior, já velho que é meu amigo, e, quem sabe?, será amigo deles. Daqui a pouco tempo, terá de ser, estamos todos a ficar velhos.
Jorge Silva Melo

domingo, 19 de junho de 2011

A carta do Saramago à sua avó

"Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que ama...ssaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.

Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.

Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.

Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.

É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua"

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ESTREIA HOJE, DIA 15 DE JUNHO, NOS RECREIOS DA AMADORA, às 21:30



Sinopse
em 2009, produzimos “O Saguão” de Spiro Scimone, espectáculo que nos deu imenso prazer fazer e que teve, junto do público, boa recepção. Uma escrita intensa, frenética, construída com diálogos curtos e directos, criando inesperados efeitos, ora cómicos, ora trágicos. «Teatro necessário, tão simples»; foi assim que Jorge Silva Melo falou do teatro de Spiro Scimone. Decidimos voltar. Com “O Envelope”, entramos no universo de Kafka, nos meandros da violência da discriminação. As personagens não são apenas vítimas, mas também executores dessa violência. Um mundo onde os valores humanos pouco contam. Um mundo que teimosamente queremos denunciar.

Ficha Artística
Autor Spiro Scimone
Tradução Ana Maria Bigotte Vieira e Clelia Bettini Encenação Jorge Silva
Interpretação Bruno Huca, Daniel Martinho, João de Brito e Luís Barros
Cenografia e Figurinos Teresa Varela Desenho de Luz Pedro Domingos Design Gráfico Rui Pereira Fotografia A. W. Barradas
Produção Executiva Gislaine Tadwald e Joana Paes
Produção Teatro dos Aloés
Maiores de 12 anos

LocalInformações e Reservas - 218140825/916648204

Recreios da Amadora - de 15 a 26 de Junho - 4ª a Sábado às 21h30 e Domingos às 16h.
Teatro Mirita Casimiro - 9, 10 e 11 de Setembro - 4ª a Sábado às 21h30 e Domingos às 17h.
Teatro Meridional - de 14 a 25 de Setembro 4ª a Domingo às 22 horas

PreçoRecreios da Amadora
10€ Normal
5€ - Maiores de 65 e Menores de 25 anos, residentes no Concelho da Amadora, grupos de mais de 10 pessoas, profissionais e estudantes de teatro

sábado, 30 de abril de 2011

O Saguão, de Spiro Scimone
Teatro Lethes, em FARO


Teatro Municipal de Faro e LAMA apresentam:

O SAGUÃO, de Spiro Scimone
pelo Teatro dos Aloés


Dias 13 e 14 de Maio, pelas 21:30
duração: 55 minutos, sem intervalo
Classificação etária: maiores de 12 anos


Ficha Artística
Tradução - Alessandra Balsamo e Jorge Silva Melo
Encenação - Jorge Silva
Cenografia e Figurinos - Teresa Varela
Desenho de Luz - Pedro Domingos
Design Gráfico - Rui Pereira e Zana de Campos Moraes
Fotografias - Margarida Dias
Produção Executiva - Gislaine Tadwald e Joana Paes
Co-Produção - Teatro dos Aloés e LAMA

Interpretação - Daniel Martinho, João de Brito e Luís Barros

Sinopse
Num saguão cheio de imundícies encontramos Peppe, Tano e Alguém.
Três homens que já não sabem o que é o tempo mas ainda querem tanto viver.
Com os seus pequenos gestos, com a vontade de se ouvirem, com o prazer de brincarem. Porque naquele pátio interior ninguém lhes pode retirar o prazer de brincar. Naquele saguão ainda podem recordar, ainda podem existir. O pátio interior é o lugar das suas brincadeiras de infância onde tudo é permitido, onde tudo parece possível. Onde é possível inventar um mundo mágico, basta respeitar-lhe as regras. Aí vivem Peppe e tanto, dois desesperados, no meio do lixo com ratos que lhes comem os pés. Não sabemos de onde vêm nem que ligação têm.
Um texto onde é possível colocar as mais amargas perguntas da actualidade, as mais pequenas obsessões do dia-a-dia. Com um ritmo cómico que não abranda e que investe a velocidade incolor da linguagem de televisão. Um texto que alterna uma abstracção cruel com o realismo poético.
Il Cortile foi o vencedor de prémio Ubu para a melhor peça de teatro italiana em 2004.

Preços:
Público em Geral - 7 euros
Sócios LAMA - 5 euros (mediante a apresentação do cartão)

Reservas:
Teatro das Figuras
289888110
bilheteira@teatromunicipaldefaro.pt

quarta-feira, 6 de abril de 2011

sábado, 12 de março de 2011



Workshop de Expressão Dramática para Adultos
Dias 2 e 3 de Abril
Duração - 12 horas
Formador - João de Brito (Actor Profissional)
Preços:
55 euros - Público Geral
50 Euros - Sócios LAMA
Inscrições:
producao.lama@gmail.com ou 912069030

Workshop de Expressão Dramática para Adolescentes
(dos 13 aos 18 anos)
Dias 9 e 10 de Abril
Duração - 12 horas
Formador - Leonor Cabral (Actriz Profissional)
Preços:
55 euros - Público Geral
50 Euros - Sócios LAMA
Inscrições:
producao.lama@gmail.com ou 912069030

Workshop de Dança e Métodos de Criação Coreográfica Contemporânea
(dos 13 aos 18 anos)
Dias 16 e 17 de Abril
Duração - 12 horas
Formador - Filipa Rodriguez (Bailarina Profissional)
Preços:
55 euros - Público Geral
50 Euros - Sócios LAMA
Inscrições:
producao.lama@gmail.com ou 912069030

Para saber mais sobre o LAMA(Laboratório de Artes e Média do Algarve), consulte www.enlama.pt